Cavalo Marinho Boi de Ouro, Mestre Araújo (Pedras de Fogo - PB)

João Cesário Venâncio, conhecido como Mestre Araújo, tem 86 anos e começou a brincar Cavalo Marinho aos 16. Seu Cavalo Marinho Boi de Ouro foi criado há mais de 20 anos. Mestre Araújo é também Mestre de Mamulengo e artesão. É ele quem constrói os animais e máscaras do Cavalo Marinho.

“Brincadeira? Eu aprecio a brincadeira, desde garoto que eu brinco, já estou um cabra velho e ainda brinco. Já tou com 86 anos. Só não faço pular mais, mas faço muito ainda. Minha brincadeira é o Cavalo Marinho. Brinquei mamulengo também mas minha brincadeira mesmo toda a vida é o Cavalo Marinho. Acho que brincadeira boa é quando dá muita gente, um bom cachê, num lugar bom, aí é uma brincadeira boa, um cavalo marinho bom, bem preparado.

> apresentação em Pedras de Fogo, 01/12/2011.

Cavalo Marinho Estrela do Oriente, Mestre Inácio Lucindo (Ferreiros - PE)

Inácio Lucindo da Silva, Mestre Inácio, tem 74 anos. A primeira vez que viu um Cavalo Marinho foi com 9 anos. Em pouco tempo já mestrava e montou seu Cavalo Marinho Estrela do Oriente, tendo Duda Bilau como galante de frente e Dezinho como contra-mestre. Com Alício e Juliana, da Cia. Mundu Rodá, Mestre Inácio tem brincado Cavalo Marinho em diversas cidades pelo Brasil.

"Uma brincadeira é um alegramento, uma fantasia, é um recurso, é uma vida especial, é um tempo de memória, é um coração popular, é a gente ter ginástica no corpo, saber bem se manobrar, é a gente ficar com saúde, poder se apresentar. E quem não usa brincadeira não sabe o que é bom no mundo, nem sabe bem se manobrar. Que a brincadeira é uma coisa boa e quem vive de brincadeira é um povo popular. A brincadeira é uma decência, quem vive de brincadeira vive se estimação, seu corpo tem boa ação, sua vida tem um bom lar, não tem raiva nem desgosto, é um povo especial, tem cultura navegante, vai pra lá e vem pra cá. Quem ama cultura na serra, ama na terra, no céu e no mar, que a cultura é onipotente e eu posso bem só pra brincar, que a cultura é uma vida vivida envolvida na vida de alguém, é vida de amor e vida de parabéns. E quem não sabe o que é cultura prazer nessa vida não tem."

> apresentação em Ferreiros, 02/12/2011.

Cavalo Marinho Mestre Batista, Mestre Mariano Teles (Aliança - PE)

Mestre Batista foi um grande conhecedor da brincadeira do Cavalo Marinho e se tornou referência para muitos dos atuais mestres. Em 1956, criou este Cavalo Marinho, que hoje leva seu nome em forma de homenagem e tem à frente Mestre Mariano Teles, que hoje está com 69 anos. Artesão, é Mariano quem faz os bichos e máscaras, além de dominar a dança, a música e os versos que compõem a brincadeira. O Cavalo Marinho Mestre Batista integra o Ponto de Cultura Estrela de Ouro, na Chã de Camará.

“No meu gosto, uma brincadeira é se divertir, é alegrar as pessoas e a si próprio mesmo. É um negocio bem constante pra todo mundo. O mundo vive mais com brincadeira do que parado, porque parado não tem alegria. É bem decente e bem importante isso, porque a gente não pode viver triste. A gente só não consegue bater e rebater, a gente tem de ter duas pessoas ou três, conforme seja, ter um troca-troca de palestra, alegrando uns aos outros. Se você não sai pra alegrar os outros, como é que você pode se alegrar? Quando a gente se alegra, alegra os outros. Eu acho que deve ser assim.”

> apresentação em Chã de Camará, Aliança, 03/12/2011.

Cavalo Marinho Boi Pintado, Mestre Grimário (Aliança - PE)

O Cavalo Marinho Boi Pintado é remanescente do Cavalo Marinho de Mestre Batista e foi criado em 1993 por José Grimário da Silva, Mestre Grimário, que começou a brincar aos 8 anos. Hoje, aos 45 anos, Grimário é o mais jovem entre os mestres de Cavalo Marinho. Ele também confecciona as máscaras dos diversos personagens que integram sua brincadeira.

"Brincadeira é uma coisa que nasceu em mim de criança, é a coisa que eu mais amo, Maracatu, Cavalo Marinho e Forró Pé de Serra, de sanfona. A brincadeira é uma coisa que nasceu dentro da minha alma, é a coisa que eu mais adoro na minha vida. Tirou essas três coisas de mim, acabou comigo. "

> apresentação em Chã do Esconso, Aliança, 04/12/2011.

Cavalo Marinho Estrela Brilhante, Mestre Antonio Teles

Antônio Manuel Rodrigues, Mestre Antônio Teles, nasceu em 1932 e começou a brincar Cavalo Marinho aos 12 anos, como Mateus. Já desempenhou diversos papéis dentro de diversos Cavalos Marinhos. Como rabequeiro, brincou 25 anos ao lado de Mestre Biu Alexandre. Em 2004, realizou o sonho de ter seu próprio Cavalo Marinho, com o apoio fundamental de sua filha Nice Teles, que além de integrar o grupo também criou um Cavalo Marinho de crianças chamado Estrelas do Amanhã. Nice comanda o espaço Tradições Culturais, no Novo Condado, sede do Cavalo Marinho e de muitas outras atividades culturais.

Brincadeira é uma cultura viva, especial para o povo. Tem muitas brincadeiras, Cavalo Marinho, Maracatu, a rabeca, violeiros. Gosto de muita coisa, a cultura é grande.”

> apresentação em Condado, 08/12/2011.

Cavalo Marinho Boi Matuto, Família Salustiano (Olinda - PE)

O Cavalo Marinho Boi Matuto foi criado em 1968 por Manoel Salustiano Soares, Mestre Salu, que esteve durante toda a sua vida envolvido com diversas tradições. Recebeu o título de doutor honoris causa pela Universidade Federal de Pernambuco e foi escolhido pelo Governo do Estado como Patrimônio Vivo de Pernambuco. Com seu trabalho musical, percorreu todo o Brasil e diversos países e gravou 4 cds. Fundou com sua família a Casa da Rabeca do Brasil, na Cidade Tabajara, em Olinda, um espaço de apresentações, encontros e oficinas. Era também artesão e aprendeu a fazer e tocar rabeca com seu pai, João Salustiano. Foi um dos maiores dançadores de Cavalo Marinho, sua grande paixão. Falecido em 2008, deixou como seu maior legado sua grande família. Composta de talentosos artistas, todos formados por ele nas diversas especificidades de várias tradições, é ela quem dá continuidade a seu trabalho. Pedro Salustiano é quem hoje, junto com sua família, conduz o Cavalo Marinho Boi Matuto.

“Desde criança que eu acompanhava meu pai, Salu, nas brincadeiras de Cavalo Marinho e Maracatu. Brincadeira pra mim é tudo o que a gente faz com amor, prazer, determinação, com certeza de que vai dar certo. O importante mesmo é o amor, o prazer.”

> apresentação em Condado, 09/12/2011.